Christopher Burns

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Escolas Literárias

 

São consideradas 14 escolas
literárias no mundo.

 

Trovadorismo
Humanismo
Classicismo

 

(Brasil)
Quinhentismo 
Barroco
Arcadismo
Romantismo
Realismo
Naturalismo
Parnasianismo
Simbolismo
Pré-Modernismo

Modernismo
Tendências Contemporâneas

 

(Pós Modernismo)

 

 

Literatura Brasileira

Podemos dividir em dois
períodos
denominados
Era Colonial e Era Nacional.

 

Era Colonial

 

Quinhentismo
(de 1500 a 1601)

Barroco
(de 1601 a 1768)

Arcadismo
(de 1768 a 1808)

Período de Transição
(de 1808 a 1836)

 

Era Nacional

 

Romantismo
Realismo
Naturalismo
Parnasianismo
Simbolismo
Pré-modernismo
Modernismo
Tendências Contemporâneas

ERA COLONIAL

QUINHENTISMO

 

Desembarque Oscar Pereira da Silva

Desembarque de Pedro Ávares Cabral em Porto Seguro, 1500.
Quadro de Oscar Pereira da Silva
1867-1939

A carta de
Pero Vaz de Caminha

 

Pero Vaz de Caminha escreveu a carta em primeiro de maio de 1500, redigida em Porto Seguro, Bahia, e levada ao rei de Portugal, D. Manuel I, por Gaspar de Lemos.  Caminha foi um dos três únicos testemunhos do descobrimento. Anota-se, ainda, a relação do piloto anônimo e a carta do mestre João Faras.

 

Mais conhecido, a Carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a primeira manifestação escrita a respeito do Brasil, publicada no século XIX por iniciativa do padre Manuel Aires de Casal em sua Corografia Brazilica, no ano de 1817. Portugal ocultava os registros sobre a viagem por motivos de segurança. O texto de mestre João seria divulgado em 1843, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, trabalho executado por Francisco Adolfo de Varnhagen.

Pero Vaz de Caminha

Pero Vaz de Caminha lê a
carta para o
comandante Pedro Àlvares Cabral,
o frei Henrique de Coimbra e o
mestre João, antes de enviá-la ao
rei D.Manuel I.


Fac-símile

Fac-símile Pero Vaz de Caminha

BARROCO

 

Chamado de seiscentismo, o Barroco propõe uma tendência artística que reage ao otimismo do Renascimento. Estendeu-se à arquitetura e às artes plásticas, no século XVII. Ao contrário do sonho humanista, período das navegações e conquistas, o Barroco é tomado por um pessimismo constante, de fundo religioso, que valoriza a expressão metafórica e metonímica. Um constante lamento.

Prosopopéa

Prosopopéia

 

Bento Teixeira Pinto, poeta luso-brasileiro, 1561-1618, autor do poema épico Prosopopéia, inicia o período Barroco brasileiro. Ao estilo épico de Camões, conta em Prosopopéia as façanhas da família Albuquerque. Bento dedicou sua obra ao governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Nascido em Portugal, filho de Manuel Álvares de Barros e Leonor Rodrigues, cristãos novos. Em 1567, muda-se com a família para a Capitania do Espírito Santo. Depois da morte dos pais, será Ilhéus, na Bahia. Em 1584, casa-se com a cristã Filipa Raposo. A Capitania de Pernambuco é a próxima morada. Em 1590, instala uma escola em Olinda e se dedica ao magistério e comércio.

 

Inquisição. A mulher Filipa acusa Bento de ser judeu e rejeitar as práticas cristãs. Bento é julgado e absolvido por ordem do Ouvidor da Vara Eclesiástica. Era o ano de 1589.

 

Prisão. Novembro de 1594. Bento Teixeira mata a esposa e se refugia no mosteiro de São Bento, em Olinda. Durante uma tentativa de fuga, Bento é preso e enviado à Lisboa. Bento confessa sua crença e práticas judaicas. Em auto-de-fé, 1599, obrigado, renuncia solenemente à religião judaica. Na prisão, redigiu o longo poema épico Prosopopéia, publicado em 1601. Ao seguir a estrutura camoniana, o autor apresenta o poema em oitavas-heroicas, 94 estrofes, onde exalta as glórias de seu protetor Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernabuco.

 

Bento nos conta a viagem de Jorge ao retornar a Lisboa, em 1565, e os desafios enfrentados a bordo do navio atacado por corsários franceses.

À deriva, fortes tempestades, falta de alimentos e água. Por fim, o socorro recebido quando da chegada a Cascais.

 

Bento Teixeira Pinto falece na cadeia, em Liboa, no ano de 1618.

 

Naturalis Brasiliae

 

Em 1648 é publicado o livro História Naturalis Brasiliae, primeiro tratado de história natural do Brasil, de autoria do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, com base nas observações dos jardins da casa de Friburgo, residência de Maurício de Nassau. Desse período são os poemas épicos de Basílio da Gama e de Gregório de Matos, este um poeta de Salvador, advogado do século XVII, que produziu considerável obra poética satírica, religiosa e secular. A obra de Matos tem forte influência barroca, como os poetas espanhóis Luis de Gôngora e Francisco de Guevedo.


Gregório de Matos

 

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.
 

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?
 

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se a tristeza.
 

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

Publicações


Em 1648 é publicado o livro Historia Naturalis  Brasiliae, primeiro tratado de história natural do Brasil, de autoria do médico e naturalista holandês Guilherme Piso, com base nas observações dos jardins da casa de Friburgo, residência de Maurício de Nassau. Deste período são os poemas épicos de Basílio da Gama e de Gregório de Matos, este um poeta satírico de Salvador, advogado do século XVII, que produziu considerável obra poética satírica, religiosa e secular, conhecido como "Boca do Inferno". A obra de Matos tem forte influência barroca, como os poetas espanhóis Luis de Gôngora e Francisco de Quevedo.

Aleijadinho

Senhor dos Passos
Antônio Francisco Lisboa,
 Aleijadinho.

Escritores brasileiros
que se destacaram no Barroco:

 

Bento Teixeira Pinto (1561-1618)

Gregório de Matos (1633-1696)

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)

Frei Vicente de Salvador (1564-1636)

Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)

ARCADISMO

 

O Arcadismo é uma escola literária nascida na Europa após o fim do período Barroco. No Arcadismo as obras adotam um vocabulário simples, busca o formalismo e o equilíbrio das obras do Classicismo, sem os exageros e complexidades do Barroco. Inspirado na tradição clássica, o Arcadismo procura narrar com simplicidade, narrativa voltada ao bucolismo, ao campo, algo distante das atribulações vividas nas cidades. É também chamado de Neoclassicismo e Setecentismo (referente aos anos setecentos).

 

Entre 1768 e 1808, o Arcadismo é adotado no Brasil, já em Portugal, compreendeu o período entre os anos de 1756 e 1825. O Iluminismo, movimento nascido na Europa do século XVII influenciou a Revolução Francesa e adotou o racionalismo em substituição à religiosidade. O iluminismo estendeu suas raízes ao Arcadismo. O movimento literário chega ao Brasil no período da busca por independência, o incontido desejo de liberdade. Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, escritores, estavam entre os líderes da Inconfidência Mineira, a revolta que pretendia tornar Minas Gerais independente de Portugal. Nessa revolta não podemos esquecer Joaquim José da Silva Xavier, o mártir Tiradentes. O Arcadismo é a última escola literária brasileira da era Colonial. O movimento literário contou com Basílio da Gama e Santa Rita Durão, entre outros autores.

 

Em Portugal, o Arcadismo aparece no momento de mudanças. Como exemplo, a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias. No Arcadismo português, Bocage é o autor de maior destaque. O nome Arcadismo vem de Arcádia (unidade regional da Grécia localizada na península do Peloponeso, ao sul do país). Lá existia uma academia onde os poetas discorriam sobre literatura.

 

Influência do Iluminismo

 

A literatura no Arcadismo apresenta ideias inspiradas no movimento intelectual conhecido como Iluminismo. Uma das características mais importantes do Iluminismo era o racionalismo, oposto à fé e à religiosidade. A literatura árcade não costumava recorrer ao uso de figuras de linguagem.

 

Tradição


O Arcadismo não dispensou

o Classicismo:

era caracterizado na razão

e no equilíbrio.
Como os autores do Classicismo,

os árcades davam preferência

aos sonetos, e muitas vezes

mencionavam figuras mitológicas.

 

Pseudônimos

 

Os autores do Arcadismo utilizavam

pseudônimos,

e por isso eram chamados

de “poetas fingidores”.

 

Expressões em latim

 

As obras do Arcadismo transmitem

ideias que estão presentes

nas expressões latinas.

Carpe diem (aproveitar a vida agora),

a vida é temporária.

Locus amoenus (lugar agradável),

um lugar onde as pessoas vivam

em paz e sossego.
Fugere urbem

(valorizar a vida do campo),

em vez da vida urbana.

 

Bucolismo, pastoralismo

 

A vida pastoril é recorrente

nessas obras.

Os personagens e o próprio ambiente

servem de cenário.

TRANSIÇÃO

 

Na Transição ocorre um "silêncio literário" entre 1808 e 1836. É um período inexpressivo na literatura brasileira. Anote-se, ainda, a chegada da Missão Artística Francesa no ano de 1816, trazida por Dom João VI.

ERA NACIONAL

ROMANTISMO

 

1836 - 1881

Iracema

Iracema
José Maria de Medeiros

A leitora

A leitora
Jean-Honoré  Fragonard

Primeira Missa

Primeira Missa no Brasil

Victor Meirelles

Na passagem do século XVIII par o XIX, surge o Romantismo na Europa, um movimento artístico, político e filosófico. Caracteriza-se como visão de mundo contrária ao racionalismo, ao iluminismo do século XVIII. Como escola literária, tem início com o romance Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, na Alemanha, em 1774. Na Inglaterra, o Romantismo surge nos primeiros anos do século XIX, com Lord Byron, poeta, e o romance histórico Ivanhoé, de Walter Scott.

 

De movimento, mais tarde o Romantismo passa a designar uma escola literária, uma visão de mundo centralizada no indivíduo. Os autores românticos, voltados para si, abordam o drama humano, os amores trágicos, os ideais utópicos e os desejos de escapismo. A objetividade do século XVIII, o século do iluminismo e da razão, cede ao Romantismo que adota o lirismo, a subjetividade, a emoção.

 

Arte do sonho e da fantasia, o Romantismo valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Oponhe-se aos clássicos e basea-se na inspiração dos momentos da vida subjetiva: fé, sonho, paixão, intuição, saudade, natureza e lendas.

 

No Brasil, o movimento romântico tem início em meados do século XIX, após a independência, em 1822, com a obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, no ano de 1836.

 

Fases do Romantismo:

 

1ª fase: nacionalismo e indianismo
Gonçalves Dias
Canção do Exílio

 

2ª fase: egocentrismo e pessimismo
Álvares de Azevedo
Lira dos Vinte Anos

 

3ª fase: liberdade
Castro Alves
O Navio Negreiro

REALISMO

 

1881 - 1890

Machado de Assis

Machado de Assis

 

Memórias póstumas de Brás Cubas, 1881, de Machado de Assis, inicia o Realismo no Brasil. Do Romantismo para o Realismo, o nosso país passou por mudanças na econômica, na política e no ambiente social. Castro Alves e José de Alencar, no Romantismo, prepararam o caminho para o novo momento cultural.

 

Após a Guerra do Paraguai, 1864-1870, da campanha abolicionista, da nova economia agrária e da queda da escravidão, os ideais europeus foram importados: liberalismo, socialismo, positivismo, cientificismo.

 

Mestiço e de origem humilde, nascido na cidade do Rio de Janeiro, é Machado de Assis, 1839-1908, na transição do Império para a República, um dos maiores nomes da literatura brasileira. Após a morte dos pais, a portuguesa Maria Leopoldina e o pai, o mulato Francisco José de Assis, seguiu sob a orientação da madrasta Maria Inês. Funcionário público, o cargo ofereceu tranquilidade financeira. Casado com Carolina Xavier de Novais, Machado produziu a melhor prosa brasileira do século XIX.

 

Escreveu cerca de duzentos contos. Os romances e contos publicados até 1880 mostram o romantismo que se retirava lentamente do palco. Machado aparece no Realismo a partir de Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1881. O escritor revela feroz ironia e humor amargo nos romances: Quincas Borba, 1891, Dom Casmurro, 1899, Esaú e Jacó, 1904, e Memorial de Aires, 1908. Entre os contos estão: O alienista, A cartomante, Missa do galo, Uns braços, O espelho, Cantiga de esponsais, Teoria do medalhão, A causa secreta.

 

Escritores brasileiros
que se destacaram no Realismo:

 

Aluísio Azevedo
Raul Pompeia
Adolfo Caminha
Júlio Ribeiro
Júlia Lopes de Almeida

NATURALISMO

 

Estilo de época surgido na Europa no final do século XIX, o Naturalismo está ligado à publicação do livro A origem das espécies, de Charles Darwin (1809-1882). Esse livro, publicado em 1859, contrariou o pensamento até então defendido; o Criacionismo, a humanidade era uma criação divina. Darwin comprovou que o ser humano é resultado de um processo de evolução – idêntico aos outros seres vivos - em oposição à criação divina. As principais características do Naturalismo são o Determinismo e a Zoomorfização.

 

O Naturalismo usava a ciência para criar os personagens. Na Europa, os principais autores foram Émile Zola (1840-1902) e Eça de Queirós (1845-1900). No Brasil, Aluísio Azevedo (1857-1913), Adolfo Caminha (1867-1897) e Raul Pompeia (1863-1895).

 

O Darwinismo influiu no Naturalismo: a conclusão de que o ser humano é um animal, sem nada de divino. No processo de seleção natural, as espécies mais bem adaptadas sobrevivem, enquanto as outras são extintas. Com base em Darwin, surgiu a expressão “darwinismo social”.

 

Realismo e Naturalismo tiveram em comum o olhar objetivo sobre a realidade. No Realismo os personagens eram montados com base na análise psicológica, enquanto no Naturalismo, os escritores preferiam abordar os instintos, suas características biológicas, teorias científicas da época.

 

Principais características

 

 A ciência era usada como
instrumento de análise

e compreensão da sociedade.

*

Determinismo: personagens
condicionadas
 por sua raça, meio
e momento histórico.
*

Análise psicológica tornou-se

menos importante, com prevalência
das motivações biológicas.

*

 O ser humano é um animal
comandado por instintos.
*

O instinto sexual sobressaiu-se
a todos os outros.
*

As classes mais pobres tornaram-se
protagonistas.

*

Personagens perderam
a humanidade
 e foram dominadas
por seus instintos animais.

*

Sexualidade explícita.

*

A mulher foi tratada como histérica,
a pessoa negra,
 como inferior
e o homossexual, como doente.

*

Zoomorfização
Características animais 
associadas
a seres humanos.

PARNASIANISMO

 

Olavo Bilac

Olavo Bilac

 

De 1882 a 1893, transição entre a Monarquia e a República, encontramos a escola denominada de Parnasianismo. Ao contrário da prosa realista com base na realidade social, econômica e política, a poesia parnasiana preferiu adotar outros caminhos. Os autores tentaram uma poesia envolvida com a objetividade e o rigor formal, em acordo com o princípio “arte pela arte”, do poeta francês Théophile Gautier. O Hino Nacional Brasileiro é uma composição parnasiana.

 

Escritores brasileiros
que destacaram no Parnasianismo:

 

Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho e Francisca Júlia.

 

Na França, berço do Parnasianismo, além de Gautier, temos Leconte de Lisle e José María de Heredia. Em Portugal, João Penha, Gonçalves Crespo, António Feijó e Cesário Verde.

 

Principais características

Antirromantismo,
pois antissentimental.
*
Objetividade.
*
Poesia descritiva.
*
Rigor formal:
metrificação e rimas.
*
Arte como sinônimo
de beleza formal.
*
Alienação social:
indiferença a questões sociais.
*
Defesa de que a finalidade
da arte é a própria arte.
*
Distanciamento do eu lírico
da temática do poema.
*
Referências greco-latinas.
*
Uso de polissíndeto:
repetição da conjunção “e”.

SIMBOLISMO

 

Charles Boudelaire

Charles Baudelaire

 

Movimento literário contemplado no final do século XIX, trouxe-nos Baudelaire, Rimbaud, Camilo Pessanha (poeta português). No Brasil, Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens e outros nomes de expressão. De tom pessimista, adotava uma linguagem imprecisa e sugestiva. A leitura de poemas e prosas construídas no Simbolismo revelam os sentimentos e perspectivas de certas sociedades, antes da Primeira Grande Guerra.

 

Origem

 

Em 25 de junho de 1857, Charles Baudelaire edita As flores do mal. Esses poemas seriam considerados simbolistas e de caráter revolucionário na literatura europeia. Outros escritores se filiaram à escola baudelairiana, denominados decadentistas. Posteriormente, os decadentistas tornaram-se os primeiros simbolistas. No Brasil, o movimento aportou após seu término na Europa.

PRÉ-MODERNISMO

 

É uma fase de transição localizada principalmente entre os anos de 1902 a 1922. Seria uma produção literária desabitada do Realismo, Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo,  tendências presentes nesse período.

 

A produção pré-moderna recuperou algumas características dos movimentos artísticos vividos à época e anunciou o que seria o Modernismo.

 

O Pré-modernismo mistura diversas tendências literárias. Citaremos Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Augusto dos Anjos, Graça Aranha.

MODERNISMO

 

Iníciado no século XX, o Modernismo encontraria espaço em meio aos conflitos políticos surgidos nos países da Europa, conflitos que provocariam as duas guerras mundiais. Descobertas e inovações mudaram o modo de viver. No Brasil, a República Velha sucumbiria (1889-1930) e daria início à Era Vargas (1930-1945).

 

Esse momento é caracterizado por ser transgressor, antiacadêmico e nacionalista. No Brasil, ele é dividido em três fases. Juntas, abraçam o período de 1922 a 1978. Nelas, encontramos Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Clarice Lispector e outros nomes significativos. Fernando Pessoa é o grande nome do Modernismo na língua portuguesa.

TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

 

Principais - Metalinguagem, Experimentalismo formal, Engajamento social são algumas das tendências modernas observadas no início do século XXI. Dos autores, Ariano Suassuna, Antônio Callado, Adélia Prado, Cacaso, Caio Fernando de Abreu, Cora Coralina, Carlos Heitor Cony, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Lya Luft, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Rubem Braga.

TEMPO DE POESIA

 

Com base inicial na literatura portuguesa, a literatura brasileira faz parte do espectro cultural lusófono. É parte da literatura latino-americana, a única em língua portuguesa. Surgiu a partir da atividade literária dos jesuítas no século XVI. Ligada à literatura metropolitana, acabou por receber a esperada independência. No século XIX adquiriu expressão com os movimentos Romântico e Realista. Na Semana de Arte Moderna, em 1922, rompeu em definitivo com a literatura importada.

 

Surge o Modernismo: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de de Melo Neto, Cecília Meireles e outros consagrados escritores

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto

Uma faca só lâmina
(ou: serventia das idéias fixas) 1955

 

Assim como a bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso 

um dos lados do  morto;

 

assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo de um homem
pesando-o mais de um lado;

 

qual bala que tivesse

um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo

 

igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,

 

relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de uma lâmina azulada;

 

assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;

 

qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto

 

de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso,
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.

 

A.

 

Seja bala, relógio,
ou lâmina colérica,
é contudo uma ausência
o que esse homem leva.

 

Mas o que não está
nele está como bala:

tem ferro do chumbo,

mesma fibra compacta.

 

Isso que não está

nele é como um relógio

pulsando em sua gaiola,

sem fadiga, sem ócios.

 

Isso que não está
nele está como a ciosa

presença de uma faca,
de qualquer faca nova.

 

Por isso é que o melhor
dos símbolos usados
é a lâmina cruel
(melhor se de Pasmado):

 

porque nenhum indica
assa ausência tão ávida

como a imagem da faca
que só tivesse lâmina,

 

nenhum melhor indica
aquela ausência sôfrega
que a imagem de uma faca
reduzido à sua boca;

 

que a imagem de uma faca
entregue inteiramente

à fome pelas coisas
que nas facas se sente.

 

(Poesia incompleta)

Clarice Lispector

 

Minha alma tem o peso da luz.

Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita,
prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão
no meio de outros.