Brasil Editor
Contemporâneo
Textos / Sérgio dos Santos Netto
La Dame
Elle est belle, chic, sinueusement provocante,
lignes de contour excitant,
l'imagination s'éveille plus hardie.
Une obsession,
les quatre arcs descendre suavement,
c’est la plus belle vision du monde.
Son corps mince est perpendiculaire à l’horizont,
un million cinq cents mille rivets,
dix-huit mille pieces
que reposent tranquilement sur
la terre parisienne.
C’est une touché plein de charme,
c’est la dame la plus haute de Paris,
c’est la tour Eiffel.
Noturno
Vozes femininas entoam o Réquiem de Mozart na igreja de Madeleine. Tarjas de veludo negro pendem da fachada do templo construído ao estilo neoclássico, exibem ao centro o monograma bordado com as letras FC, em prata. Vindas de todos os cantos, centenas, milhares de pessoas das mais diversas classes sociais querem ver de perto o cortejo. Parceira em vários concertos, emocionada, a mezzosoprano Pauline Viardot se destaca no coro, flutua nos agudos acima da orquestra. Carregado nos ombros por seis homens, o ataúde seguiu fechado do santuário até a mesa ornamentada no transepto da igreja de Madeleine. É a despedida.
Duas semanas se passaram e o corpo embalsamado aguardou na cripta, enquanto amigos conseguiam licença especial do bispo de Paris. Desejavam o coro feminino, mas naquela época era vetado às mulheres cantarem na igreja. Aparece a tão esperada autorização. Atrás de uma cortina de veludo negro, invisível, censurado, o coro feminino atende ao último desejo do compositor.
Segundo observadores, quatro mil pessoas compareceram à cerimônia fúnebre. Aluna e benfeitora do artista, a herdeira escocesa Jane Stirling pagou as cinco mil libras gastas no funeral do compositor. Os amigos não esqueceram o pianista na última homenagem.
Na madrugada de quinta-feira, em 17 de outubro de 1849, no apartamento nobre de Paris, o número 12 da Praça Vendôme, Fréderic François Chopin morreria nos braços de Solange, filha de George Sand, ao lado da irmã Ludwika e da miséria.
Depois da História
Estudos recentes de Wojciech Cichy, Da Faculdade de Medicina da Universidade de Poznan, afastam a tuberculose e consideram a fibrose quística como a causa da morte do compositor.
Ao esculpir a máscara mortuária de Chopin, Clésinger, escultor casado com Solange, retirou a expressão de sofrimento. Deu-lhe a paz merecida. Esculpiu um elenco de mãos do compositor e o monumento Euterpe, musa da música, escultura presente na sepultura de Chopin, em Pèrre Lachaise.
O irônico destino uniu Solange e a avó materna na mais antiga das profissões. Amiga de Chopin, a filha de Sand se tornaria prostituta. E o irmão Maurice nunca revelaria talento, seguiria medíocre.
George Sand, Amandine Aurore Lucile Dupin, morreu em Nohat, no ano de 1876. A escritora conheceu Flaubert, Balzac, Zola, Sainte-Beuve, Baudelaire, Franz Listz, Robert Browning, Dostoievski e o pintor Eugène Delacroix.
A condessa Marie de Agoult e Franz Liszt brigaram com Chopin e Sand. Invejavam o casal.
Há 150 anos desaparecido, o piano de cauda usado por Chopin na Inglaterra, após a queda de Luis Felipe, foi encontrado numa casa de campo e adquirido por duas mil libras. O colecionador britânico Alec Cobbe, dono do instrumento, desconhecia a verdadeira procedência. A autenticidade foi comprovada durante pesquisas realizadas por Jean-Jacques Eigeldinger, nos arquivos da fabricante Camille Pleyel.
Consultas
Chopin, H. Bidou, Editora Guanabara, Waissman,
Koogan, Rio de Janeiro, 1935.
O funeral de Chopin, Benita Eisler,
Editora Planeta, 2005.
Delta Larrousse.
Histoire de ma vie, George Sand.
A última ilha do imperador, Julia Blackburn, 1993.
Reuters, Londres, Paul Majendie.
Monumento a Chopin, na Urca,
Rio de Janeiro, oferta do governo da Polônia.
Acima, a única foto conhecida do compositor.